quarta-feira, 24 de junho de 2015

A verdadeira AMIZADE




Se sentires em teu coração, alma cristã, uma tal afeição para com alguém, não há outro remédio para te libertares dela, senão cortá-la resolutamente de uma vez para sempre, pois, se quiseres renunciá-la pouco a pouco, crê-me, nunca chegarás a desfazer-te dela. Essas cadeias são dificílimas de romper, e só o conseguirá quem as quebrar violentamente, duma só vez. E não venhas com a desculpa de que, até agora, nada ocorreu de inconveniente, pois deves saber que o demônio não começa com o pior, mas só pouco a pouco leva a alma imprudente às bordas do precipício e, então, com um leve empurrão, precipita-as no abismo. 

É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto, não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod. conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza, porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas
Se sentires, porém, teu coração livre e desembaraçado de tais afeições, toma todo o cuidado possível para não te emaranhares em laço algum, como já se tem dado a muitos em razão de sua negligência. Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. Ad Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, torna-se-á mui difícil e humanente impossível". 

Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que fizessem, em tua presença, gracejos indecentesNão julgues que não pecas calando-te e simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu dele. Se receberes de alguém uma carta com palavras amorosas, rasga-a imediatamente ou lança-a ao fogo e não lhe dês resposta. Se, por motivo grave, tiveres de responder, faze-o então em poucas e sérias palavras, e não dês a entender que notaste as tais palavras e muito menos que achaste nelas qualquer prazer. 

Não repliques também que não há perigo, porque a pessoa de que se trata é piedosa. São Tomás de Aquino diz (De mod. conf., c. 14): "Quanto mais santas são as pessoas pelas quais sentimos afeição particular, tanto mais devemos nos acautelar, porque o alto apreço que fazemos de sua virtude mais nos estimula ainda a amá-las". O padre Sertório Caputo, da Companhia de Jesus, diz: "O demônio, a princípio, nos inspira amor à virtude daquela pessoa, depois o amor à própria pessoa e, finalmente, nos lança na perdição". O Doutor Angélico faz notar que o demônio sabe perfeitamente esconder um tal perigo: no começo não dispara seta alguma que pareça envenenada, mas só tais que excitem a afeição, ocasionando leves feridas do coração; em seguida, quando o amor já está aceso, essas pessoas já não se tratam mais como anjos, mas como homens de carne e sangue: trocam repetidos olhares e palavras amorosas, desejam estar muitas vezes a sós, juntas e, por fim, a piedade espiritual degenera em amor carnal.



sábado, 20 de junho de 2015

O que os Santos Padres falam sobre a MODÉSTIA

A escritura fala de modéstia e pudor nas vestes ? 

O Gênesis, quando mostra que apesar de estarem sós e serem casados, Deus vestiu Adão e Eva depois do pecado original. Feliz aquele que vigia e guarda as suas vestes para que não andes nu, ostentando a sua vergonha, Apocalipse 16.

Em João 19, é descrito a túnica do Senhor toda tecida de alto a baixo. Sendo Cristo o modelo de modéstia, como antes, e a noção histórica que o “alto” não cortava os braços, nem o “baixo” os tornozelos, e com isso temos a medida da modéstia. Por isso, nas imagens, Jesus foi assim representado.

A escritura fala de medida de modéstia e pudor para as mulheres ?


Indiretamente sim, pois dando a medida para o homem se dá uma mínimo para a mulher, dado que a mulher é até incentivada ao uso de véu por São Paulo em I Cor 11, e a vestir-se com modéstia em I Tim. 2. De fato, Nossa Senhora sempre foi representada com muito recato nas imagens.

Isso sem contar também que Deus dá uma ordem definitiva para o futuro, o que justifica uma medida de recato: Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus, Dt. 22.

Mas os hábitos de vestimenta não mudam ?

Os hábitos mudam, as cores, os tecidos, os bordados e cortes das roupas mudam. Porém, o recato e o pudor não mudam. Uma barriga de fora será sempre uma barriga de fora, assim como outras partes do corpo.

Papas deram medida de modéstia e pudor para as vestes ?

Papa São Nicolau I

Lembrando que calças nesse primeiro texto significa a femoralia, disponível para visualização nas fotos acima (na pintura da esquerda, retrato das mulheres búlgaras em 1586 por H. Beck, é possível ver o término da femoralia na canela). Esta nada tem de semelhante com a calça colada de nossos dias. Ela escondia as partes impudicas, e não era uma indumentária totalmente semelhante ao dos homens búlgaros. E mesmo assim, a advertência era somente aos Búlgaros, tanto que o Papa ressalta que o costume no ocidente é o uso da femoralia somente por homens.

“Consideramos ser irrelevante o que você perguntou sobre a femoralia; pois não desejamos que o estilo exterior da sua roupa seja mudado, mas sim o comportamento do homem interior, nem queremos saber o que estão vestindo exceto Cristo – entretanto, muitos de vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo [Gal 3, 27] – mas sim como vocês estão progredindo na fé e nas boas obras. Mas como vocês perguntaram, em simplicidade preocupados com tais assuntos, por temerem de que isto se pudesse ser imputado como pecado, por divergir dos costumes de outros Cristãos, e a fim de que não deixássemos de lado esses desejos, nós declaramos que nos nossos livros, calças [femoralia] são feitas, não para que as mulheres possam usá-las, mas para que os homens possam. Mas agora, assim como vocês passaram do velho para o novo homem [Ef 4, 22-24; Col 3, 9-10] você passou do seu costume para os nossos em todas as coisas; portanto faça como desejar. O fato de você ou sua esposa vestir ou não calças [femoralia] não impede sua salvação nem leva a qualquer aumento de sua virtude.

Claro, porque nós temos dito que calças são ordenadas a serem feitas, deve-se observar que vestimos calças espiritualmente, quando nós freiamos a concupiscência da carne através da abstinência; porque esses locais são limitados pela femoralia, onde é conhecido estar o local da luxúria. É por isso que os primeiros seres humanos, quando sentiram movimentos ilícitos em seus membros após o pecado, correram para as folhas de uma figueira e teceram tangas para si [Gn 3,7]. Mas estas são calças espirituais, que vocês ainda não poderiam suportar, e, se eu pudesse falar com o Apóstolo, vocês ainda não são capazes; pois vocês ainda são carnais. [I Cor 3, 2]. E assim nós temos dito algumas poucas coisas sobre este assunto, embora, com a graça de Deus, poderíamos dizer muito mais.” [1]

Pio XII

“(...) a modéstia – a própria palavra “modéstia” vem de modus, uma medida ou limite – provavelmente expressa melhor a função de governar e dominar as paixões, especialmente as paixões sensuais. Ela é o baluarte natural da castidade. É seu baluarte natural porque ela modera os atos que estão estreitamente conectados com o próprio objeto da castidade (...)

Mas, não importa quão ampla e variável seja a moral relativa das modas, sempre haverá uma norma absoluta para guardar depois de ter escutado a admoestação da consciência advertindo ao se aproximar do perigo: um estilo jamais deve ser uma ocasião próxima de pecado.” [2].

“Lemos na “Passio SS. Perpetuae et Felicitatis” – com justiça considerada uma das jóias mais preciosas da literatura cristã primitiva – que, no anfiteatro de Cartago, quando a mártir Vibia Perpétua, jogada para o alto por uma vaca selvagem, caiu no chão, seu primeiro pensamento e ação foi arrumar o vestido de modo a cobrir sua coxa, porque ela estava mais preocupada com a modéstia do que com a dor.” [3]

Bento XV

“Desde este ponto de vista não podemos deixar de condenar a cegueira de quantas mulheres de todas as idades e condição; feitas tontas pelo desejo de agradar, elas não vêem a que nível a indecência de suas vestes chocam a todo homem honesto, e ofendem a Deus. A maioria delas teriam, em outras épocas, se envergonhado com esses estilos por grave falta contra a modéstia Cristã; e já não é suficiente que elas se exibam na via pública; elas não tem medo de cruzar as portas da Igreja, a assistir o Santo Sacrifício da Missa, e até de levar a comida sedutora das suas paixões vergonhosas até o Altar da Eucaristia onde recebemos o Autor celeste da pureza.”.[4]

Pio XI (Decreto de Pio XI por meio da Congregação do Concílio)

I. O padre da paróquia e, especialmente, o pregador, quando a oportunidade surgir, deverá, segundo as palavras do Apóstolo Paulo (I Tim 2,9), insistir, argumentar, exortar e ordenar que o traje feminino seja baseado na modéstia e que o adorno feminino seja uma defesa da virtude. Deixá-los igualmente advertir aos pais para fazer com que suas filhas deixem de vestir trajes indecorosos. [5]