quarta-feira, 24 de junho de 2015

A verdadeira AMIZADE




Se sentires em teu coração, alma cristã, uma tal afeição para com alguém, não há outro remédio para te libertares dela, senão cortá-la resolutamente de uma vez para sempre, pois, se quiseres renunciá-la pouco a pouco, crê-me, nunca chegarás a desfazer-te dela. Essas cadeias são dificílimas de romper, e só o conseguirá quem as quebrar violentamente, duma só vez. E não venhas com a desculpa de que, até agora, nada ocorreu de inconveniente, pois deves saber que o demônio não começa com o pior, mas só pouco a pouco leva a alma imprudente às bordas do precipício e, então, com um leve empurrão, precipita-as no abismo. 

É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto, não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod. conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza, porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas
Se sentires, porém, teu coração livre e desembaraçado de tais afeições, toma todo o cuidado possível para não te emaranhares em laço algum, como já se tem dado a muitos em razão de sua negligência. Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. Ad Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, torna-se-á mui difícil e humanente impossível". 

Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que fizessem, em tua presença, gracejos indecentesNão julgues que não pecas calando-te e simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu dele. Se receberes de alguém uma carta com palavras amorosas, rasga-a imediatamente ou lança-a ao fogo e não lhe dês resposta. Se, por motivo grave, tiveres de responder, faze-o então em poucas e sérias palavras, e não dês a entender que notaste as tais palavras e muito menos que achaste nelas qualquer prazer. 

Não repliques também que não há perigo, porque a pessoa de que se trata é piedosa. São Tomás de Aquino diz (De mod. conf., c. 14): "Quanto mais santas são as pessoas pelas quais sentimos afeição particular, tanto mais devemos nos acautelar, porque o alto apreço que fazemos de sua virtude mais nos estimula ainda a amá-las". O padre Sertório Caputo, da Companhia de Jesus, diz: "O demônio, a princípio, nos inspira amor à virtude daquela pessoa, depois o amor à própria pessoa e, finalmente, nos lança na perdição". O Doutor Angélico faz notar que o demônio sabe perfeitamente esconder um tal perigo: no começo não dispara seta alguma que pareça envenenada, mas só tais que excitem a afeição, ocasionando leves feridas do coração; em seguida, quando o amor já está aceso, essas pessoas já não se tratam mais como anjos, mas como homens de carne e sangue: trocam repetidos olhares e palavras amorosas, desejam estar muitas vezes a sós, juntas e, por fim, a piedade espiritual degenera em amor carnal.



sábado, 20 de junho de 2015

O que os Santos Padres falam sobre a MODÉSTIA

A escritura fala de modéstia e pudor nas vestes ? 

O Gênesis, quando mostra que apesar de estarem sós e serem casados, Deus vestiu Adão e Eva depois do pecado original. Feliz aquele que vigia e guarda as suas vestes para que não andes nu, ostentando a sua vergonha, Apocalipse 16.

Em João 19, é descrito a túnica do Senhor toda tecida de alto a baixo. Sendo Cristo o modelo de modéstia, como antes, e a noção histórica que o “alto” não cortava os braços, nem o “baixo” os tornozelos, e com isso temos a medida da modéstia. Por isso, nas imagens, Jesus foi assim representado.

A escritura fala de medida de modéstia e pudor para as mulheres ?


Indiretamente sim, pois dando a medida para o homem se dá uma mínimo para a mulher, dado que a mulher é até incentivada ao uso de véu por São Paulo em I Cor 11, e a vestir-se com modéstia em I Tim. 2. De fato, Nossa Senhora sempre foi representada com muito recato nas imagens.

Isso sem contar também que Deus dá uma ordem definitiva para o futuro, o que justifica uma medida de recato: Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus, Dt. 22.

Mas os hábitos de vestimenta não mudam ?

Os hábitos mudam, as cores, os tecidos, os bordados e cortes das roupas mudam. Porém, o recato e o pudor não mudam. Uma barriga de fora será sempre uma barriga de fora, assim como outras partes do corpo.

Papas deram medida de modéstia e pudor para as vestes ?

Papa São Nicolau I

Lembrando que calças nesse primeiro texto significa a femoralia, disponível para visualização nas fotos acima (na pintura da esquerda, retrato das mulheres búlgaras em 1586 por H. Beck, é possível ver o término da femoralia na canela). Esta nada tem de semelhante com a calça colada de nossos dias. Ela escondia as partes impudicas, e não era uma indumentária totalmente semelhante ao dos homens búlgaros. E mesmo assim, a advertência era somente aos Búlgaros, tanto que o Papa ressalta que o costume no ocidente é o uso da femoralia somente por homens.

“Consideramos ser irrelevante o que você perguntou sobre a femoralia; pois não desejamos que o estilo exterior da sua roupa seja mudado, mas sim o comportamento do homem interior, nem queremos saber o que estão vestindo exceto Cristo – entretanto, muitos de vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo [Gal 3, 27] – mas sim como vocês estão progredindo na fé e nas boas obras. Mas como vocês perguntaram, em simplicidade preocupados com tais assuntos, por temerem de que isto se pudesse ser imputado como pecado, por divergir dos costumes de outros Cristãos, e a fim de que não deixássemos de lado esses desejos, nós declaramos que nos nossos livros, calças [femoralia] são feitas, não para que as mulheres possam usá-las, mas para que os homens possam. Mas agora, assim como vocês passaram do velho para o novo homem [Ef 4, 22-24; Col 3, 9-10] você passou do seu costume para os nossos em todas as coisas; portanto faça como desejar. O fato de você ou sua esposa vestir ou não calças [femoralia] não impede sua salvação nem leva a qualquer aumento de sua virtude.

Claro, porque nós temos dito que calças são ordenadas a serem feitas, deve-se observar que vestimos calças espiritualmente, quando nós freiamos a concupiscência da carne através da abstinência; porque esses locais são limitados pela femoralia, onde é conhecido estar o local da luxúria. É por isso que os primeiros seres humanos, quando sentiram movimentos ilícitos em seus membros após o pecado, correram para as folhas de uma figueira e teceram tangas para si [Gn 3,7]. Mas estas são calças espirituais, que vocês ainda não poderiam suportar, e, se eu pudesse falar com o Apóstolo, vocês ainda não são capazes; pois vocês ainda são carnais. [I Cor 3, 2]. E assim nós temos dito algumas poucas coisas sobre este assunto, embora, com a graça de Deus, poderíamos dizer muito mais.” [1]

Pio XII

“(...) a modéstia – a própria palavra “modéstia” vem de modus, uma medida ou limite – provavelmente expressa melhor a função de governar e dominar as paixões, especialmente as paixões sensuais. Ela é o baluarte natural da castidade. É seu baluarte natural porque ela modera os atos que estão estreitamente conectados com o próprio objeto da castidade (...)

Mas, não importa quão ampla e variável seja a moral relativa das modas, sempre haverá uma norma absoluta para guardar depois de ter escutado a admoestação da consciência advertindo ao se aproximar do perigo: um estilo jamais deve ser uma ocasião próxima de pecado.” [2].

“Lemos na “Passio SS. Perpetuae et Felicitatis” – com justiça considerada uma das jóias mais preciosas da literatura cristã primitiva – que, no anfiteatro de Cartago, quando a mártir Vibia Perpétua, jogada para o alto por uma vaca selvagem, caiu no chão, seu primeiro pensamento e ação foi arrumar o vestido de modo a cobrir sua coxa, porque ela estava mais preocupada com a modéstia do que com a dor.” [3]

Bento XV

“Desde este ponto de vista não podemos deixar de condenar a cegueira de quantas mulheres de todas as idades e condição; feitas tontas pelo desejo de agradar, elas não vêem a que nível a indecência de suas vestes chocam a todo homem honesto, e ofendem a Deus. A maioria delas teriam, em outras épocas, se envergonhado com esses estilos por grave falta contra a modéstia Cristã; e já não é suficiente que elas se exibam na via pública; elas não tem medo de cruzar as portas da Igreja, a assistir o Santo Sacrifício da Missa, e até de levar a comida sedutora das suas paixões vergonhosas até o Altar da Eucaristia onde recebemos o Autor celeste da pureza.”.[4]

Pio XI (Decreto de Pio XI por meio da Congregação do Concílio)

I. O padre da paróquia e, especialmente, o pregador, quando a oportunidade surgir, deverá, segundo as palavras do Apóstolo Paulo (I Tim 2,9), insistir, argumentar, exortar e ordenar que o traje feminino seja baseado na modéstia e que o adorno feminino seja uma defesa da virtude. Deixá-los igualmente advertir aos pais para fazer com que suas filhas deixem de vestir trajes indecorosos. [5]

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Papa Bento XV fala sobre a Modéstia

Voltando com os ensinamentos sobre a modéstia.. Aproveitem a leitura!

"Sabemos que certas modas de vestir, que entram hoje em uso entre as mulheres, são danosas ao bem da sociedade como aquelas que provocam o mal e de outro lado nos enchem de assombro e estupor ao ver que quem proporciona o veneno parece desconhecer a ação maléfica, como quem incendeia a casa parece ignorar a força destruidora do fogo. Somente a suposição de tal ignorância possibilita a explicação desta deplorável extensão que a moda tomou hoje em dia, tão contrária àquela modéstia que deveria ser o ornamento mais belo da mulher cristã; sem a supra dita ignorância, parece-nos que nenhuma mulher teria podido chegar  ao excesso de usar vestidos indecentes, até ao aproximar-se dos lugares sagrados, ou apresentar-se diante de mestres da moral cristã.
Oh! Com que satisfação entendemos que as aderentes da União Feminina Católica escreveram no programa o propósito de mostrar-se honestas também na maneira de vestir. Fazendo isso, sentindo seguir um dever de não dar escândalo, mas dar exemplo aos outros, demonstrarão ter compreendido que a missão delas no mundo foi alastrando-se e devem dar o bom exemplo, não somente dentro das paredes domésticas, mas também no meio das ruas públicas e nas praças. Nós gostaríamos que as mulheres católicas sentissem, além da obrigação individual, o dever social. Nós gostaríamos que as mulheres católicas se unissem para combater as modas indecentes não somente entre elas, mas que esse trabalho possa alcançar pessoas e famílias.
Seria supérfluo dizer que uma boa mãe não deve permitir que as filhas cedam às falsas exigências de uma moda não muito apropriada, e quanto mas elevado for o lugar que essa ocupa, tanto menos deve tolerar que quem vai visitá-la ouse ofender a modéstia com a indecente maneira de se vestir. Uma advertência impediria no futuro a audaz impertinência de transgredir os direitos de hospitalidade."

Fonte: Texto retirados do Livro Seletas sobre a Modéstia.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Seletas de textos sobre a modéstia católica

"Santo Agostinho divide o gênero humano em dois grupo que ele designa sob o nome de duas cidades: a cidade terrestre, que procede do amor de si mesmo levado até o desprezo de Deus, e a cidade celeste, que procede do amor de Deus levado até o desprezo de si mesmo.
Essas duas cidades se encontram representadas na Sagrada Escritura por diversos personagens como Caim e Abel, Esaú e Jacó e, acima de tudo por Adão e nosso Senhor, o qual veio nos restituir o que o primeiro pôs a perder, funfando a verdadeira cidade celeste que é a Santa Igreja cujos membros são animados deste amor de Deus levado até o desprezo de si mesmo.
Porém, na presente obra, são duas outras figuras que, de modo especial, nos vem à mente: Eva e Maria. As dias foram visitadas por um anjo. eva, para  a nossa perdição, Maria, para a nossa salvação. Todas as almas devem fazer a sua escolha entre Maria e Eva, ou melhor, devem escolher Maria Santíssima como Mãe e Mestra, sob pena de incorrer na mesma desgraça que Eva."

"Os tempos modernos, escrevia Pe. Maximiliano Kolbe, são dominados por Satanás e o serão ainda mais no futuro. O combate contra o inferno não pode ser conduzido por homens, mesmo pelos mais sábios. Só a Imaculada recebeu de Deus a promessa da vitória sobre o demônio. Ela procura almas que lhe serão totalmente consagradas para se tornarem, entre suas mãos, os instrumentos que vencerão Satanás e estenderão o Reino de Deus sobre o mundo inteiro."

(...)

"A modéstia é uma virtude anexa da menor das virtudes morais, que é a temperança. Sua função é a de introduzir a medida da razão nos movimentos esternos do corpo, ou seja, nas palavras, nos gestos e na vestimenta. Ser virtuoso é viver segundo a nossa natureza racional iluminada pela fé."

(...)

"O mundo moderno se ri dessas regras e rindo delas, sem o saber, na maioria dos casos, se ri do próprio Deus, para a sua perda e confusão."

"Não vos conformeis com este século, mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito, para que reconheçais qual é a vontade de deus, boa, agradável e perfeita." Rom 12,2


BATALHA CRISTÃ

"(...) Temos que salvar nossas almas e as almas dos nossos irmãos."
"O progresso na impressão, publicações baratas e luxuosas,fotografias, ilustrações, reproduções artísticas de todas as formas, cores e preços; filmes, espetáculos de variedades e centenas de outros meios apresentam secreta e discretamente as atração do mal, e as tornam disponíveis a todos - velhos e jovens, mulheres e moças. Não é verdade que está aí para todo o mundo ver uma moda que é tão exagerada a ponto de dificilmente ser adequada a uma moça cristã? E o cinema não apresenta agora as produções que anteriormente eram apresentadas apenas em locais onde mal se ousava por os pés? (...)"

O DEVER DA AÇÃO CATÓLICA

"(...) É realmente uma guerra. A pureza das almas que vivem em estado de graça sobrenatural não é preservada, nem será preservada, sem luta. Felizes sois vós que tendes recebido em vossas famílias na aurora da vida, do berço, um vida mais elevada, vida divina, através do batismo."

"(...) Embora o pecado original tenha sido extirpado de vossas almas pela ação purificadora da graça santificante que as reconciliou com Deus, tornando-vos filhas adotivas e herdeiras do céu, deixou em vós uma forma triste da herança de Adão: um desequilíbrio interior, um conflito, que até mesmo o grande apóstolo paulo sentia.
Quando o homem interior alegrou-se na lei de Deus, sentiu outra lei, a lei do pecado nos seus membros, a lei das paixões e das inclinações desordenadas, nunca inteiramente sujeitadas, com a qual o anjo de satanás trabalha, ajudado pela carne e pelo mundo, para seduzir as almas. essa é aguerra do espírito e da carne, tão abertamente atestada na Revelação, que (se excetuarmos só a virgem Maria) é inútil pensar que pode haver uma vida humana sem o devido cuidado e luta. (...)"

O OBJETIVO DA AÇÃO COMUM

"(...) Nos campos de batalha da igreja, onde a virtude se opõe ao vício, vós encontrareis sempre os personagens heroicos, novos intrépidos, moldados por Deus: esses, sustentados pela graça, não se abalam nem caem, não importa quão fortes sejam os golpes; eles podem abertamente conservar-se incorruptos e puros no meio da impureza que os cerca; eles são, por assim dizer, o fermento no grão bom, e um renascimento para o maior número de almas - esses, também, redimidos pelo sangue de Cristo, que constituem as massas.
O objetivo, então, do vosso combate deve ser o de tornar menos árdua para os homens de boa vontade a conquista do grau de pureza cristã, a condição de salvação: para garantir que as tentações que surgem do ambiente não excedam os limites da resistência que, com a graça divina, a vitalidade medíocre de muitas lamas possa ser opor a elas.

MODERAÇÃO E BOM GOSTO

"Santo Tomás diz que o ornamento da pessoa do sexo feminino pode ser um ato meritório da virtude, quando estiver em conformidade com o estado, a posição da pessoa, e se é feito com boas intenções, e quando as mulheres usam ornamentos que são decentes de acordo com sua posição e sua dignidade, quando eles são governados de acordo com os costumes de seu país. então ornamentar a si mesmo também se torna um ato de virtude da modéstia, que influencia o modo de andar e de se portar, o modo de vestir, todos os movimentos externos."

MODA E MODÉSTIA

Se amanhã o mundo não desejar permanecer para sempre enterrado na sombra da morte, ele terá que se ocupar em reparar as suas perdas, reconstruir as ruínas. Neste momento vós deveis colaborar, Juventude Católica!

Uma de vossas grandes tarefas será a de ensinar a doutrina de Cristo. O mundo é dominado hoje em grande parte pelo "laicismo": a tentativa do homem de agir sem Deus. É uma iniciativa vã e ímpia, que assume diferentes aspectos e títulos de acordo com a variedade de tempo e lugar: indiferença, descuido, desprezo, revolta, ódio. Este último, o mais perverso de todos, felizmente, não é frequentemente encontrado em famílias nutridas pelo cristianismo há séculos, mas muitas vezes o desenvolvimento, o progresso, a difusão da ciência e das máquinas e os progressos no bem-estar material causaram em muitas pessoas uma crescente indiferença para com Deus e para com as coisas divinas.



Em outras épocas - não em si totalmente imune de falhas e erros - uma fé religiosa penetrava e invadia o conjunto da sociedade, especialmente a vida familiar, sendo as paredes adornadas com o crucifixo e imagens piedosas. A literatura e a arte da casa eram baseadas na Bíblia. As pessoas levavam os nomes dos santos, contemplavam a imagem de Cristo crucificado e de Sua Mãe Santíssima. Parecia que tudo, o próprio ar falava de Nosso Senhor, porque os homens viviam em contacto estreito com Deus, viviam conscientes de sua presença universal e de seu poder soberano. O sino da Igreja os acordava, convidava-os para o sacrifício divino; a oração do Angelus três vezes ao dia, para as funções sagradas; governava a rotina diária de trabalho, assim como o sacerdote assegurava que o trabalho fosse bem feito.

Ensinando o Catecismo

Ensinar e instruir uma alma é ao mesmo tempo "dar e receber", o que corresponde perfeitamente com uma das ambições mais belas do seu sexo e da sua idade. A moça, a mulher que se torna professora da verdade e da bondade dá aos outros algo do tesouro da sua alma e de seu coração, através do seu trabalho falado; ela dá a si mesma para formar uma vida espiritual, da mesma forma como uma mãe dá a si mesma para a constituição física de seu filho, às vezes heroicamente sacrificando até mesmo a sua própria vida.

Moda e Modéstia

Vós que piedosamente vestis o altar e o sacrário nunca deveis esquecer que carregais Deus dentro de vós pela habitação da graça em vossas almas. Essa presença divina faz não só vossas almas, mas também vossos corpos, templos sagrados.

"Paulo apóstolo nos diz: "Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo:" Certamente vós sabeis que vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós. E que Ele é dom de Deus para vós, de forma que vós já não vos pertenceis." ICor 6, 15. 19

O mesmo apóstolo, nos primeiros anos da Igreja, desejava que as mulheres usassem o véu nas funções sagradas, e de novo para os Coríntios escreveu: "Julgai vós mesmos: é decente que uma mulher reze a Deus sem estar coberta com um véu?" No entanto, para a mulher é glória ter longa cabeleira, porque os cabelos lhe foram dados como véu." ICor 11, 13.15

(...)
Moda e modéstia devem andar de mãos dadas como duas irmãs, porque ambas as palavras têm a mesma etimologia: elas derivam do latim "modus", significando a medida certa, e qualquer desvio em uma direção ou outra é considerada não reta, não razoável.

(...)"Seja vossa modéstia conhecida por todos os homens" Fil 4, 5

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Mãe de São Bernardo



A bem-aventurada Aletha teve sete filhos que foram todos santos. O mais velho de seus filhos se chamava Guido e a este se seguiam Gerardo, Bernardo, André, Bartholomeu, Nivardo e uma filha chamada Umbelina. Os contemporâneos que pessoalmente  conheceram esta nobre família são unânimes em prestar grandes tributos de veneração a cada um de seus membros.
Eis o que diz um piedoso cronista do século XII, abade de Saint-Thierry.
“O filho mais velho de Aletha tinha um caráter grave e justo. Amado de Deus e cheio de modéstia, era dotado de uma notável inteligência que brilhava em todos os seus atos como em todas as suas palavras. Gerardo, o segundo filho, gozava da estima geral; tinha costumes simples e castos e uma rara prudência junto a uma não menos rara penetração de espírito. Bernardo, o terceiro, farol e modelo de seus irmãos, tornou-se uma forte coluna da Igreja.
André, o quarto, tinha uma alma ingênua e terna, temente a Deus e infensa ao mal. Bartholomeu, na flor da idade, em saber e prudência avantajava os velhos e possuía todas as qualidades de uma vida sem mácula. Nivardo, o mais moço, preferiu os bens do céu às riquezas da terra. Umbelina, nascida em último lugar, soube fugir às atrações da vaidade mundana e chegou a ombrear em virtudes com os seus irmãos”.

A digna mãe dessa grande família de santos pode a todos os respeitos ser oferecida como um tipo das mães cristãs. É verdade que ela teve a vantagem inapreciável de viver em uma época em que as famílias reproduziam, tanto quanto era possível, a imagem da santa casa de Nazaré.
A Igreja com a sua divina inteligência, regulava a vida privada do mesmo modo que a vida publica, fixava os princípio, da educação e intervinha nas relações civis para as nobilitar e consagrar; de sorte que tudo concorria para fomentar a fé, fortalecer a virtude, exaltar os corações e incitar o amor dos grandes cometimentos.
O papel da mulher, nessa obra de civilização cristã, era verdadeiramente belo. A religião determinava todos os seus deveres; e dignificava-os. A mãe não julgava terminada a sua tarefa depois de ter provido a todas as coisas da vida temporal: as suas vistas se erguiam mais alto e a sua ação se estendia mais longe. Mãe cristã, ela iniciava na vida da graça aqueles a quem tinha dado a vida material, e a sua felicidade, como a sua glória, consistia em os ver progredir na virtude ao mesmo tempo que cresciam em idade.
“A mãe de S. Bernardo — diz um santo bispo — tomava os seus filhos nos braços, logo após o nascimento, para os oferecer a Jesus Cristo; e amava-os desde então com respeito, como si fossem um depósito santo que Deus lhe houvesse confiado. E disto resultou tornarem-se santos os sete filhos que teve.
 Felizes os filhos que se desenvolvem sob esta influencia cristã e maternal! Aletha havia desposado, muito jovem ainda o nobre Teulino, senhor de Fontaines, perto de Dijon. Ela tinha quinze anos apenas e já a sua alma, inspirada pela graça, visava um outro destino. Mas a Providência destinara-a a ser esposa e mãe e propagar em sua numerosa família as bênçãos que a enchiam. O seu mais ardente desejo foi transmitir ao coração de seus filhos a vocação religiosa que ela havia apreciado tanto em seus primeiros anos. Unida profundamente a Jesus Cristo, fonte de todo o amor, ela comunicava a seus filhos, com o leite maternal, uma virtude toda celeste ; formou-os para o céu bem mais do que para a vida deste mundo e ensinou-lhes, desde a mais tenra idade, a discernir o bem e o mal, a preferir o melhor e a amar acima de tudo o Pai das misericórdias e das eternas consolações. Esta piedosa mãe era como um anel sagrado que ligava seus filhos a Deus, prendendo-os à Igreja e fixando-os na vida de salvação eterna. Ensinava-lhes a amar, a rezar e a esperar, inspirando-lhes o temor de Deus, a confiança e o reconhecimento, o horror do mal e o desejo da virtude e da santidade. Aletha havia estabelecido no interior da sua casa a ordem perfeita e a disciplina prescrita pelas santas leis da Igreja. Eu não posso esquecer, diz o já citado biógrafo, quanto se esforçava esta distinta mulher por servir de exemplo e modelo a seus filhos. Dentro ou fora da sua casa, ela imitava de algum modo a vida religiosa pelas suas abstinências, pela simplicidade do seu vestuário e pelo seu afastamento dos prazeres e das vaidades do século. Furtava-se o quanto possível às agitações exteriores, observando os jejuns e as vigílias, perseverando na oração e resgatando por obras de caridade o que podia faltar à perfeição de uma pessoa ligada à sociedade por diferentes laços.
Compreendem-se as impressões profundas que estes exemplos edificantes deviam ter gravado nas jovens almas que diariamente os testemunhavam. A fidelidade que os pais guardam à autoridade da Igreja é para os filhos o melhor meio de consagrar a fidelidade a todos os outros deveres.
Aletha amava os seus com uma ternura desinteressada, sem nada ter desse egoísmo natural que procura nisto a sua própria satisfação e, cultivando as ricas faculdades de seus filhos, evitava provocar-lhes à superfície do espírito certa florescência precoce e brilhante que lisonjeia a vaidade, mas que não produz nenhum fruto. A historia refere que ela os habituava a uma prática generosa de renunciação e de sacrifício; que procurava ensinar-lhes a mais útil de todas as ciências, a de sofrer com calma e dignidade; e que se aplicava sobretudo a fazer reinar entre eles, por um constante exercício de caridade fraternal, uma santa harmonia de gostos, de costumes, de ideias e de simpatias.
A austeridade desta educação cristã, temperada por tudo o que há de afetuoso e de suave no coração de uma mãe, desenvolveu as qualidades doces e vigorosas que se admiram em Bernardo e em seus Irmãos. Cada um deles manifestou as mais solidas aptidões e as mais nobres faculdades. Mas, entre as virtudes destes filhos abençoados, a piedade filial reluziu sempre como um diamante no meio das mais ricas pedrarias.
S. Bernardo, ainda mais que seus irmãos, prezava sua mãe e se deleitava com a unção religiosa do coração maternal. Bem jovem ainda, ele imitava em segredo as boas obras de sua mãe, apiedava-se dos pobres e dos aflitos, era serviçal para os irmãos e condescendente, obsequioso para todos e, pelos seus progressos de cada dia, na carreira da virtude, preludiava a santidade que mais tarde lhe encheu a vida de celestial magnificência.
Um outro contemporâneo faz ver o quanto a venerável matrona era solicita em acudir a toda a espécie de infortúnios Aletha não se limitou a acolher os pobres com bondade; visitava-os nas choupanas, pois neste ofício de caridade gostava de fazer tudo por si mesma e servia os enfermos nos hospitais, distribuindo a uns e a outros remédios e vestidos e oferecendo a todos os perfumes das consolações evangélicas. Si fossemos a narrar tudo o q ela fazia — acrescenta o biógrafo — talvez não acreditassem (1).
Progredindo, dia a dia, de virtude em virtude, ela estava completamente preparada à sua última hora. Bernardo tinha vinte anos somente, quando Deus a levou. Foi um golpe terrível para o seu jovem coração, porque, nesta quadra da vida, a piedade filial está como que em plena florescência. O filho, nos seus primeiros anos, ama a sua mãe sem avaliar o preço de uma mãe; ama-a infantilmente, quase que por instinto apenas. Mas na mocidade já ele sabe apreciar a mãe, e à sua extrema ternura se junta uma estima, uma confiança, um respeito que nenhuma frase poderia exprimir. A morte da venerável Aletha foi rodeada de circunstâncias tão tocantes que as não devemos omitir aqui. Por isso vamos deixar falar um santo monge que assistiu a esta comovente cena e que com toda a singeleza a conta:
“A mãe venerabilíssima do abade de Claraval costumava celebrar todos os anos magnificamente a festa de Santo Ambrósio, padroeiro da igreja de Fontaines, com um banquete solene para o qual todo o clero era convidado. Deus, querendo recompensar a particular devoção desta santa mulher pelo glorioso Ambrósio, fez-lhe conhecer por meio de uma revelação misteriosa que ela havia de morrer no mesmo dia da festa. Certamente que não é para espantar que uma tão digna cristã fosse dotada do espírito de profecia. Aletha disse então tranquilamente e com segurança a seu esposo, a seus filhos e a toda a sua família reunida que o momento da sua morte era próxima.
“Todos, estremecendo embora, recusaram crer o sombrio anúncio, mas não tardou que a realização deste dolorosamente os alarmasse. Na véspera de Santo Ambrósio, Aletha foi atacada de uma febre violenta. No dia seguinte, que era o da festa, pediu humildemente que lhe trouxessem o Sagrado Corpo de Jesus Cristo e depois de receber o Santíssimo Viático e a Extrema Unção, sentindo-se confortada, instou para que os eclesiásticos convidados não faltassem ao festim. Quando eles se achavam à mesa,  Aletha mandou chamar Guido, seu filho mais velho, e recomendou-lhe que fizesse entrar no quarto, depois do banquete, todos os membros do clero que ali estavam. Guido executou fielmente o que a sua piedosa mãe lhe havia ordenado.
"Estávamos todos reunidos em torno do seu leito, quando a serva de Deus nos declarou com ar sereno que era chegado o seu último momento. Ajoelhamo-nos logo todos a rezar a ladainha que Aletha ia também entoando enquanto tinha voz. Mas no instante em que o coro pronunciou esta frase: “Per passionem et crucem tuarn, libera eam, Domine”, a agonizante, recomendando-se ao Senhor, ergueu a débil mão para fazer o sinal da cruz e, parando nesta atitude, rendeu a sua santa alma que os anjos receberam e levaram para a mansão dos justos. É ai que ela espera, na paz de Deus, o despertar do seu corpo no grande dia da ressurreição, quando o supremo Juiz vier julgar os vivos e os mortos e o século pelo fogo.
“Foi assim que esta alma santificada deixou o santo templo do seu corpo; a mão direita permaneceu erguida na mesma posição em que estava quando ela fez o seu último sinal da cruz, o que impressionou muito a todas as pessoas presentes.
“A feliz transmigração desta mulher cristã foi objeto de jubilo entre os anjos do céu; mas cá na terra este acontecimento mergulhou na desolação os pobres de Jesus Cristo, as viúvas e um grande número de órfãos que ela protegia” (2).
Esta narração singela e tocante indica só por si a perfeita delicadeza do gênio desses séculos de ardente fé.
Sobre a lápide funerária da cripta de São Benigno, onde foram depositados os restos da Bem-aventurada Aletha. um piedoso escultor gravou o retrato de cada um de seus filhos. Mãe nenhuma teve jamais um epitáfio tão eloquente como este da mãe de São Bernardo.
A morte não termina, porém, a missão augusta de uma mãe piedosa. Esta missão se perpetua, debaixo de outra forma, no mundo angélico.
Na vida do grande S. Bernardo nós encontramos irrecusáveis provas das relações que subsistiram além do túmulo, entre a bem-aventurada Aletha e seus filhos.
Ela apareceu visivelmente a S. Bernardo, segundo o testemunho de um doutor contemporâneo, dizendo-lhe: “Acaba, meu filho, com coragem, o que começaste a fazer: eu te espero na glória divina".
Uma aparição semelhante a esta determinou a vocação do jovem André, irmão daquele santo.
Em um momento em que ele resistia mais obstinadamente às impulsões da graça, exclamou de súbito:Vidi Matrem! “Vi minha mãe!” E, imediatamente, se lançou comovido aos pés do irmão, consagrando-se desde então para sempre ao serviço de Jesus Cristo (3).
 Ó meu divino Salvador! suscita, eu vos conjuro, as mães verdadeiramente cristãs, afim de que os santos apareçam de novo entre nós e a piedade torne a florescer como nos bons tempos de outrora, para consolação da Vossa Igreja. 
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1) Guill. Vl 1º, cap 2º.
2) Joan Ermita, p. 130. Ed. Mabel.
3) Giull. de Santa Thierry, cap.II

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Beata Elisabete da SSma.Trindade


Elisabete Catez nasceu no acampamento militar de Avor (Bourges), em 1880.

Em 1901, entrou no Carmelo Descalço de Dijon, emitindo os votos em 1903. Passou “a luz, ao amor, à vida” da Pátria, em 9 de novembro de 1906.

Verdadeira adoradora em espírito e verdade, entre penas interiores e doenças viveu como “louvor de glória” da Santíssima Trindade presente na alma, encontrando o mistério da inabitação o seu “Céu na terra”, seu carisma e missão eclesial.
  



PÉTALAS DE ROSAS

- Inabalável é minha confiança em tua divina Providência... Jesus, a ti me abandono por completo.

- A minha alma arde e queima com a tua chama incandescente e pura; ó Espírito Santo, consome-a no teu divino amor.

- Visto que é impossível impor a própria vontade aos outros sofrimentos, devo também convencer-me de que o sofrimento físico e corporal não passa dum meio, aliás precioso, para chegar à mortificação interior e ao pleno desapego de nós mesmos.

- A caridade é indispensável. Reconhecemos o cristão pela caridade que ele revela.

- Que alegre mistério a presença de Deus dentro de nós, nestes íntimos santuários de nossas almas, onde sempre podemos encontrá-lo, também quando experimentamos mais sensivelmente a sua presença!

- Procuremos Jesus mediante a pureza de nossa fé.

- Amo tanto a pureza deste mistério da Santíssima Trindade, pois é um abismo em que me perco!

- Deus tem desígnios que nem sempre compreendemos, mas que devemos adorar.

- O abandono, eis o que nos recomenda a Deus. Quando tudo se complica, quando o momento presente é tão doloroso e o futuro me parece mais escuro, fecho os olhos e abandono-me como uma criança no braço daquele Pai que está nos céus.

- Não há outro madeiro capaz, como o da cruz, de acender com grande intensidade na alma o fogo do amor!

- Mais do que a Eucaristia, parece-me que não há nada que nos possa dizer o amor que existe em Deus. É a união consumada, é ele em nós e nós nele.

- Como é lindo ser criança do bom Deus, sempre deixar que ele nos carregue, descansar no seu amor.

- Jesus é o meu tudo, o meu único tudo. Que alegria, que paz este pensamento proporciona a alma.

- A alma necessita de silêncio para adorar.

- O sofrimento é algo tão grande e divino! Parece-me que, se os bem-aventurados no céu pudessem invejar-nos algo, invejar-nos-iam este tesouro. É uma alavanca tão poderosa no coração do bom Deus!

- Jesus continua sempre vivo. Vivo no adorável sacramento do tabernáculo, vivo em nossas almas... Porque vive em nós, façamo-lhe companhia como o amigo faz com o amigo!

- Quanto mais damos a Deus, mais Ele se dá a nós.

- A vida do sacerdote, como a da carmelita, é um advento que prepara a Encarnação nas almas.

- Com que paz, com que recolhimento Maria se aproxima de tudo e fazia todas as coisas! Assim como as coisas mais banais eram, também, por ela divinizadas! Em tudo e por tudo, a Virgem permanecia em Adoração ao bom Deus. E isto não a impedia de prodigalizar-se extremamente, quando se tratava de exercitar a caridade.

- Visto que é o amor que une a alma a Deus, quanto mais intenso é o amor, mais ele entra profundamente em Deus e concentra-se Nele.

- A alma que quer servir a Deus noite e dia no seu templo, quero dizer o santuário interior de que fala São Paulo quando diz: “O templo de Deus é santo e esse templo sois vós”, esta alma deve estar decidida a tomar parte, realmente, na paixão de seu Mestre.

- A alma que vive unida a Deus não age senão sobrenaturalmente, e as ações mais corriqueiras, ao invés de separá-la Dele, aproximar-se-ão sempre mais.

- Oxalá soubesses como o sofrimento é necessário para que se realize em tua alma a obra de Deus!

- A meu ver a alma mais livre é aquela que mais esquece de si mesma. Se me perguntassem o segredo da felicidade, diria que consiste em não se preocupar mais consigo, desprendendo-o a todo momento. Eis uma boa maneira de fazer com que o orgulho morra. É como se o subjugássemos pela fome.

- Vivamos de amor para morrer de amor e glorificar a Deus, todo amor.

- Como é grande o meu desejo de reconduzir almas para Jesus! Daria a minha vida com a única finalidade de contribuir no resgate de uma daquelas almas que Jesus tanto amou.

- A oração é tão poderosa no coração de Deus! Rezemos com perseverança, sem desanimar, mesmo que devêssemos morrer sem sermos atendidos.

- O sofrimento é a escada que nos leva a Deus, ao céu.

- O escapulário é o emblema de Maria. A alma que o traz consigo e que, bem atendido, envida todos os esforços para salvar-se, não pode cair no inferno, pois isto é impossível.

- A Eucaristia é a plenitude transbordante do amor divino. Nela Jesus não nos dá apenas o seu mérito e as suas dores, mas totalmente a si mesmo.

- Como é maravilhoso perder-se, desaparecer em Deus! Sente-se muito bem que não se é mais que instrumento, que é Ele quem age, que é tudo.

- Unir, identificar a nossa vontade com a de Jesus: então somos sempre felizes, sempre contentes.

- No céu não podemos mais sofrer por aquele que amamos. Por isso, aproveitemos agora cada um dos nossos sofrimentos para consolar nosso Dileto.

- Tudo é delicioso no Carmelo: encontramos o bom Deus tanto na lavanderia como na oração. Ele se encontra por toda parte! Vivemo-lo, respiramo-lo.

- Não ser senão um com o bom Deus, significa possuir o céu na fé, aguardando a visão face a face.

- Não precisa parar diante da cruz e olhá-la como ela é; mas, recolhendo-nos na luminosidade da fé, é preciso subir mais alto e refletir que ela é o instrumento que obedece ao amor de Deus.

- Jesus Cristo está sempre vivo em nós, sempre operante em nossa alma. Deixemos que ela nos construa e seja a alma de nossa alma, vida de nossa vida, a fim de que possamos dizer como São Paulo: “Para mim viver é Cristo”.

- Compreendi que meu céu começa na terra, o céu da fé, com o sofrimento e imolação por Aquele que amo.

- Como é belo dar quando se ama! E eu amo tanto esse Deus que é cioso em ter-me toda para si. Sinto tanto o amor que envolve a minha alma, É um oceano no qual mergulho e me perco.

- Uma alma unida a Jesus é um sorriso vivo que o reflete e expande.

- O orgulho alimenta-se do amor-próprio. Pois bem, é preciso que o amor de Deus tão forte, para apagar todo o amor de nós mesmos.

- Parece-me que no céu minha missão consistirá em atrair as almas, ajudando-as a sair de si mesma para aderir a Deus, num impulso espontâneo e amoroso, e de mantê-las naquele grande silêncio interior, que permite que Deus se imprima nelas para que as transforme em si mesmo.

- Tu bem sabes: sem Ti nada sou; mas, se tu me alentas, Senhor, serei capaz de todo o sacrifício.

- No céu de nossa alma, sejamos louvores de glória da Santíssima Trindade, louvor de amor de nossa Mãe Imaculada. Um dia cairá o véu e seremos introduzidos nos templos eternos; lá cantaremos no seio do amor infinito e Deus nos dará o nome novo prometido ao vencedor.

- É preciso amar as almas, procurá-las com verdadeira paixão, pois a beleza é grande. Se nos fosse dado ver a beleza duma alma pura, acreditaríamos ter visto Deus.

- Que fascinação experimento no sofrimento, quando o aceitamos e desejamos! Que abundante fonte de mérito! Não existe um caminho mais seguro do que a cruz. O próprio Deus a escolheu.

- O Rosário é a corrente que nos une a Maria, Com a prática da recitação do rosário... Maria nos estende a mão. Maria dirige a nossa barquinha sobre as ondas agitadas desta vida... E temos a certeza que chegaremos ao porto da salvação eterna.

- Deus em mim, e eu Nele – seja este o nosso lema.

- Encontrei meu céu na terra, nesta querida solidão do Carmelo onde estou sozinha com Deus somente. Faço tudo com Ele e a tudo me dedico com uma alegria divina. Qualquer limpeza, qualquer trabalho ou qualquer oração. Acho tudo belo e delicioso, porque é meu mestre que vejo por toda parte.

- É lá, aos pés da cruz, que sentimos a confiança em Cristo. Todas as obscuridades, todos os nossos sofrimentos acabam prendendo-nos ao nosso único tudo. Purificam-nos a alma para conduzir-nos à união.

  

TRINDADE QUE ADORO

                                                                                                                                 Dos escritos da Beata
ELISABETE DA TRINDADE

Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de vós, ó meu imutável, mas que a cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso mistério. Pacificai minha alma, fazei dela vosso céu, vossa morada preferida e o lugar do vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente  desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa ação criatura.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quisera ser uma esposa para o vosso coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos... até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos “revestir-me de vós mesmo”, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que a minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa.Vinde a mim como Adorador, como reparador e como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-vos, quero ser de uma docilidade absoluta, para tudo aprender de vós. Depois, através de todas as noites, todos os vazios, todas as impotências, quero ter sempre meus olhos fixos em vós e ficar sob a vossa grande luz. Ó meu astro amado,fascinai-me a fim de que não me seja mais possível sair de vossa irradiação.

Ó fogo devorador, Espírito de amor, “vinde a mim” para que se opere em minha alma como que uma encarnação do verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu mistério. E Vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pequena e pobre criatura, “cobri-a com vossa sombra”, vendo nela só o Bem-Amado no qual puseste toda a vossa complacência.

Ó meus “Três”, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vós qual uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós, enquanto espero ir contemplando em vossa luz, o abismo de vossas grandezas.

terça-feira, 26 de março de 2013

Paixão de Nosso Senhor - Santa Ângela de Foligno


Santa ÂNGELA DE FOLIGNO foi uma mulher mundana, escrava da moda e suficientemente rica para satisfazer todos os seus caprichos em perfumes, jóias, penteados, chapéus, pinturas e todo tipo de badulaque usado pelas mulheres da sua época. Depois de passar pelo crivo da dor – depois de casada rica, morreram simultaneamente seu marido e todos os seus filhos – e da penitência, foi protagonista de uma impressionante conversão e mudança tão drástica de vida, que mereceu da JESUS estas visões e revelações, cujo resumo fizemos.
A vaidade e o desejo de agradar os homens cederam lugar à humildade e à mortificação e ao amor de Jesus Crucificado. Deus permitiu que o demônio a tentasse duramente na carne e ela saiu vitoriosa da batalha. Das revelações de Jesus saiu seu livro: “Experiências, espirituais, revelações e consolações da Bem-Aventurada Ângela de Foligno”. Esta obra teve tal aceitação entre os teólogos que foi atribuído a ela o honroso título de “Mestra dos Teólogos”. Ela morreu em 1309 com 61 anos, consumida pela dor, pelos sofrimentos e penitências.
“Quando a morte te arrancar deste mundo, cheio de vaidades e luxos sem razão, e chegardes a Minha Presença para ser julgada… vendo os pecados que os homens cometeram ao olhar para o teu corpo escassamente coberto, tu própria ficarás envergonhada”.
Que pretexto poderás então apresentar-Me? Ai de ti mulher pelos teus escândalos! Ai de ti que perdeste o pudor e a vergonha! Porque procedes assim? Porque me crucificas novamente com os cravos da tua imodéstia?
Quando, de forma irrespeitosa, Me recebes na Comunhão, quanta amargura sinto ao entrar no teu corpo, que é motivo de tantos pecados nos homens e de mau exemplo para as poucas mulheres que tu, com desdém e desprezo, chamas “antiquadas”,!… Asseguro-te, que muitas destas “antiquadas” estão Comigo, enquanto muitas “modernas” sem pudor, como tu, estão “gozando” no inferno”.
“Oh! Mulher, repara em Mim, flagelado e coroado de espinhos! Contempla as Minhas Chagas e as Minhas Feridas! Depois… escuta e reflete: Durante a Minha vida terrena, vivi como manso cordeiro; fui ao Calvário, sem abrir a boca; tratei com doçura a samaritana e ela se converteu; comovi o coração de Maria Madalena, a pecadora e a fiz predileta e uma santa; ao cruzar as ruas da Palestina, pronunciava palavras de Luz, de Paz e de Amor; os Meus ensinamentos eram doces como mel. Mas um dia, ao lançar um olhar
divino por todos os séculos, vendo como o mal inundava, impetuoso e ultrajava os Meus Templos, pronunciei palavras de fogo: “Ai do mundo por causa dos seus escândalos!… Ai de quem escandalizar! Seria melhor que lhe atassem uma pedra de moinho ao pescoço e o arrojassem no mar!”.
Estreita é a porta que conduz ao Céu e larga a que leva ao inferno; a maioria elege a última. Estar contra as modas indecentes e não as usar é muito difícil; é necessário muito amor para Comigo, para não se deixar arrastar por elas.
Eu fui enviado ao mundo, não para fazer a Minha Vontade, mas a d’Aquele que Me enviou. Tu foste enviada ao mundo, não para viver, fazer e usar o que te apetece, mas para realizar a Minha Santa Vontade. Ou tu estas Comigo, ou estás contra Mim! Ou estás Comigo, ou estás com as modas sem pudor… o que escolheres dar-te-á a eternidade da Minha Glória ou a eternidade das penas.
 Reconhecendo, humildemente a sua culpa, Santa Ângela começou a fazer uma pormenorizada e perfeita confissão de todas as suas culpas, nos mínimos detalhes. Então, para cada detalhe, por mínimo que fosse, JESUS expôs a ela a imensidão de seu sofrimento, dizendo-lhe:
 Minha filha, mesmo que estivesses contaminada por mil doenças, mesmo que estivesses morta por mil mortes, Eu poderia curar-te com o remédio do Meu Sangue, sendo apenas necessário que tu quisesses lavar Nele a tua alma”.
Esses pecados do teu corpo, que acabastes de Me confessar, uma a um, mostrando uma verdadeira dor, por teres desagradado a DEUS com eles e os quais incorrestes com o lavar, pentear, ungir, pintar, decorar, encaracolar teus cabelos, com o dar vistas, com o envaidecer-te, com a procura da vanglória e com os quais aparecestes ao olhos do mundo como uma inimiga de DEUS e merecestes, aos olhos do PAI, o mais profundo lago do inferno, o desprezo eterno e a eterna abjeção, todos estes pecados, Minha filha, EU Mesmo os redimi com o Meu vivo sangue e com a penitência e mortal da Minha Paixão.

1.De fato, para descontar a vaidade dos penteados, das pomadas, dos perfumes com que tornaste bem luzidias, encaracoladas e triunfantes as tuas cabeleiras, os Meus cabelos foram arrancados, a Minha fronte foi trespassada, a Minha cabeça foi ferida, chagada, ensopada em sangue e exposta à chacota sob uma vil coroa de espinhos.

2.Também pelos pecados do teu rosto, em que tu própria incorreste, perfumando-o, maquilando-o, expondo-o aos olhares impuros dos homens e sentindo prazer com seus cobiçosos louvores, Eu mesmo te dei o remédio da Minha dor, uma vez que, em desconto destes pecados, todo o Meu rosto foi manchado e desfigurado com sórdidos escarros e as Minhas faces deformadas e inchadas pelas atrozes bofetadas, tiveram que passar pelo contato de um pano sujo e humilhante.

3.Pelos pecados dos teus olhos, com que tu olhaste para coisas vãs e nocivas, sentindo tantas vezes deleite, a vista do mal alardeado ou exibido contra DEUS, senti os Meus olhos queimarem-Me, pelo amargor das lágrimas e pelo acre do sangue que, escorrendo da Minha cabeça, me punha diante de um obscuro e mudo véu.

4.Pelos pecados dos teus ouvidos, com que ofendeste a Deus, ouvindo coisas vãs e malignas e comprazendo-te nelas, Eu fiz a maior penitência que se pode imaginar: ouvi as palavras mais atrozes e abjetas, as falsas acusações, as repulsas, os insultos, as maldições, as chacotas, as blasfêmias, a iníqua sentença de morte, pronunciada por todo um povo e, o que mais Me encheu de angustia, o pranto chorado por Mim na terra, pela Minha mãe, por toda a Minha abandonada dor.

5.Pelos pecados da tua boca e da tua garganta, com que satisfizeste, com alimentos saborosos e bebidas excelentes, tive Eu a boca definhada pela fome, pelo enjoo e pelo ardor e enfastiada pelo vinagre, pela mirra e pelo fel.

6.Pelos pecados da tua língua, sempre disposta para as rejeições, para as calúnias, para as chacotas, para as maldições, para as blasfêmias, para os perjúrios e para as palavras pecaminosas, tive Eu a Minha língua, que não poderia falar senão em verdade, muda e imóvel perante os falsos juízes e falsos acusadores e pelos Meus próprios carrascos, pelos que Me crucificaram.

7.Pelos pecados do teu olfato, que sempre se deleitou com flores bem cheirosas e com frescos perfumes, senti Eu o fedor abominável dos escarros e suportei-os na Minha própria face, nos olhos e nas narinas.

8.Pelos pecados que fizeste com o teu pescoço, agitando-o na ira, na soberba, na sensualidade e empertigando-o orgulhosamente contra DEUS, tive Eu o Meu pescoço inteiriçado e curvado para a terra, pelas punhadas e pelas cotoveladas.

9.Pelos pecados dos teus ombros e das tuas costas, que tu tens, com falsa docilidade, tantas vezes curvados sob agradáveis pesos da vaidade, da conveniência, da indiferença, arrastei Eu fatigosamente a pesada Cruz, de todo o Meu corpo, que se sentia já antecipadamente suspenso.

10.Pelos pecados das tuas mãos e dos teus braços, com os quais tu cometeste tantas ações más, com os quais tocastes tantas coisas impuras e abraçastes tanta carne, as Minhas mãos, trespassadas por cavilhas duras e aguçadas, foram pregadas a Cruz e esmagadas e apertadas pelas grossas cabeças dos cravos, tiveram que suster o peso desamparado de todo o Meu corpo.

11.Pelos pecados do teu coração, tantas vezes agitado pela ira, pela inveja, pela maldade, pelo amor impuro, pelas abjetas concupiscências, pelas sôfregas ambições, o Meu Coração e o Meu Peito, trespassados por uma agudíssima lança, derramaram abundantemente o remédio para curar todas as paixões do coração humano, ou seja, a água para extinguir o ardor das abjetas concupiscências e amores doentios e o Sangue, para acalmar as iras, as maldades e os rancores.

12.Pelos pecados dos teus pés, com os quais dançaste perdida e sensualmente te balançaste, neste teu andar peneirento e impensadamente vagueaste, afastando-te do reto caminho e da meta, Eu tive os Meus pés, não ligados por tortuosa corda, mas trespassados e cravados no madeiro da Cruz, com um único, rígido e quadrado cravo; e, em vez dos teus sapatinhos de bico e perfurados, os Meus pés foram cobertos pela vermelha rede que sobre eles fazia o sangue, descendo a riachos das Minhas feridas abertas.

13.Pelos pecados de todo o teu corpo, com que tão voluntariamente te entregaste a luxos molengões, ao sono, ao ócio, Eu fui horrivelmente flagelado, estendido e retesado na Cruz, como uma pele, cravado no madeiro e tão apertadamente, que senti em todo o Meu corpo a sua áspera dureza, enquanto um verdadeiro banho de sangue vertia dos meus membros até a terra. E assim, estive entregue a um atrocíssimo tormento, até que, morto por cruéis carnífices, exalei o Meu Poderoso Espírito.

14.Pelos pecados que tu cometeste, enfeitando-te com vestidos, modas e adornos supérfluos, vãos, estranhos e mesmo ridículos, Eu fui colocado na Cruz nu, tal como nasci da Virgem, estive ao vento, ao frio, ao ar que me rodeava de todas as partes, estirado e exposto aos olhares dos homens e das mulheres, lá bem no alto, a fim de que melhor me vissem e mais fosse escarnecido e mais sofresse as lancetadas da vergonha.

16.Pelos pecados que cometeste, adquirindo mal as tuas riquezas, estimando-as e retendo-as mal e esbanjando-as ainda pior, Eu fui tão pobre, que não só não tive, nem palácio, nem casa, nem simples tegúrio, onde poder nascer ou viver, mas nem sequer quando morto, tive um túmulo onde Me pudessem colocar. E se a piedade não tivesse movido um homem da terra a compadecer-se da Minha miséria e a depositar os Meus despojos no seu sepulcro, os ossos do Meu Corpo teriam sido abandonados aos cães e aves de rapina. Mas Minha pobreza foi ainda para além de tudo isso: dei o Meu Sangue e a Minha Vida, até a última gota, até ao último suspiro, aos desprotegidos e aos pecadores, e, tanto em vida como na morte, tão pobre quis ser e permanecer, que não conservei para Mim, parte alguma de Mim mesmo.

ESTAS PALAVRAS, diz Santa Ângela  desciam ao mais íntimo de minha alma, uma a uma e uma a uma, a enchiam de amargura, de vergonha, de dor e de espanto. Via como pelos meus vergonhosos gozos sentidos, a Alma de JESUS havia sentido, dentro de si mesma, todas dores, todas as angustias, todas as atrocidades e todos os martírios. Que a soma de todas estas angustias era feita num verdadeiro grito.